É importante saber como estão os níveis de privacidade da sua rede e ter consciência de que sua atividade nesses espaços é monitorada em tempo integral
A situação é a seguinte: um amigo seu falou algo com que você não concorda. Na verdade, acha um grande absurdo. Indignado, você não se contém e rebate. Responder, naquele momento, é quase uma necessidade. Seu amigo faz a réplica, já bem mais agressivo. Você devolve, com ainda mais ira. E assim se vai mais uma amizade.
Durante as eleições, isso aconteceu muito. Mas perder uma amizade por conta de discussões na internet – levadas, geralmente, para o lado pessoal e, muitas vezes, com vários ruídos na comunicação – é só uma das pontas visíveis do iceberg. Os desabafos incontidos, os surtos de ira contra um restaurante que lhe atendeu mal, uma crítica ao chefe, um comentário intolerante. Tudo isso pode ter desdobramentos que vão bem além do conflito pessoal com algúem. Casos de gente que perdeu o emprego ou oportunidades de negócios por causa disso são cada vez mais comuns.
Ediney Giordani, especialista em redes sociais da kakoi Comunicação, entende que há muito engajamento nas redes sociais e quando um usuário posta algo que vai contra o que outros pensam, é natural querer responder na hora. A grande questão é acertar no tipo de linguagem.
“Depende muito do grau de intimidade das pessoas. Levando em consideração que as pessoas da sua timeline são seus amigos, há uma maior liberdade, mas lembre-se de que, se ele é tão seu amigo assim, chame para um churrasco e entre uma cerveja e outra discutam o ponto”, aconselha Ediney.
Por outro lado, o especialista entende que é importante saber como estão os níveis de privacidade da sua rede e ter consciência de que sua atividade nesses espaços é monitorada em tempo integral.
“Um passo em falso você pode ser tornar alvo de haters (denominação que se dá para as pessoas que apenas espalham ódio na rede) e dos guardiões do politicamente correto”, complementa Ediney.
Cuidado com o que você compartilha
Notícias falsas são mais comuns do que se imagina e costumam ser compartilhadas sem nenhuma checagem. No entendimento de Ediney Giordani, isso pode reduzir a credibilidade da pessoa nas redes sociais.
Depende de quem são os seguidores. Mas, sim, compartilhar algo sem ler passa a indicação de que você de fato não lê o que compartilha. É sempre importante dar uma ‘Googlada’ e entender melhor o assunto. Casos de vergonha alheia não faltam. Quem não lembra da moça indignada com a aposentadoria de 92 anos? Ou a cabeleireira que ‘abandonou compromissos’ em Curitiba ou, mais recentemente, o senhor que afirmou que a loja Havan era propriedade do filho do Lula e teve que se desculpar após post da própria empresa?”, exemplifica Ediney.
O (sempre) perigoso posicionamento político
“Tem que saber dosar a opinião. Se você está na rede e abriu debate, enfrente o contraditório. Nem sempre é fácil e não são poucos os casos de pessoas que perderam amizades e se distanciaram de parentes por conta da política. É sempre um assunto espinhoso. Esteja preparado”, alerta Ediney.
Mercado de olho
As empresas, todos sabem, olham as redes sociais antes de contratar. É preciso dosar bem o que se publica para não se auto sabotar e comprometer negócios futuros. O especialista da kakoi orienta sempre cuidar da privacidade da conta. “A foto do churrasco só serve para os participantes do churrasco, ninguém mais. É fácil configurar esse tipo de privacidade garantindo que suas postagens tenham apenas aquilo que não compromete sua vida profissional”, afirma.
Tudo que é postado pode ser usado contra você
Se você falou ou compartilhou opiniões racistas, calúnias ou qualquer outra coisa desse tipo, tudo pode ser usado contra você.
“Você responderá por quaisquer desvios de conduta nas redes sociais. Ela é praticamente uma extensão da sua vida real. Quem não lembra da estudante de direito que pediu a morte dos nordestinos que votaram no Lula? Ela foi julgada e punida”, relembra Ediney.